COOPERATIVISMO E PARTICIPAÇÃO: DICOTOMIA ENTRE GESTÃO SOCIAL E ESTRATÉGICA

  • Débora Gonzaga Martin Universidade Federal de Viçosa
  • Sabrina Olímpio Caldas de Castro Universidade Federal de Viçosa
  • Wesley de Almeida Mendes Universidade Federal de Viçosa
  • Juliana Maria de Araújo Universidade Federal de Viçosa
Palavras-chave: Cooperativismo, Gestão social, Gestão Estratégica, participação

Resumo

As cooperativas desenvolvem a cidadania através da democracia, da autonomia, da liberdade e principalmente da participação de seus membros, tornando-se formas avançadas de organização da sociedade civil. O objetivo do estudo foi compreender qual o tipo de gestão - estratégica ou social - prevalece em cooperativas da agricultura familiar. Para alcance do objetivo, utilizou-se: Estudo de Caso, Entrevista Semiestruturada, Pesquisa Documental e Análise de Conteúdo. Os resultados do estudo demonstraram que há uma coexistência de gestão dentro da cooperativa estudada e, que os membros não possuem conhecimento técnico sobre gestão. A organização apresentou aspectos da Gestão Social através: do diálogo informal entre os membros; da realização de assembleias e; da eleição para cargos diretores. Já, a Gestão Estratégica é encontrada na maioria das ações, através: da centralização dos processos decisórios nas mãos do presidente; da ausência de participação dos associados; da preocupação dos membros apenas com o aspecto econômico; da presença de hierarquia e; do prevalecimento do interesse individual sobre o coletivo. Acredita-se então, que o baixo nível de participação dos membros em cooperativas de agricultura familiar deve-se, principalmente, a ausência de conhecimentos adequados para a administração e, a ausência de sentimento de pertencimento e de identidade com a cooperativa.

Referências

Aliança Cooperativa Internacional. Cooperative Principles. Disponível em: <http://ica.coop/en/what-co-operative>. Acesso em: 02 jun. 2016.

Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

Domingues, J. C. (2002). Cooperativas de trabalho: um modelo de autogestão no combate ao desemprego: verdades e mentiras. São Paulo: STF.

Ferreira, P. R. & Presno, N. B. A. (2008). O Sescoop e a criação do campo da educação cooperativista. In: Encontro de Pesquisadores Latino Americanos de Cooperativismo, 2008, Ribeirão Preto. Anais. Ribeirão Preto: FEARP/USP.

Freitas, A. F., Freitas, A. F., Oliveira, S. D. & Máximo, M. S. (2010). Organização do quadro social (OQS): uma inovação institucional na gestão social de cooperativas. Administração Pública e Gestão Social, 2(1), 45-66.

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Editora Atlas.

Junqueira, L. A. P. & Trez, A. P. (2005). Capital social e a sobrevivência das cooperativas de trabalho. Revista de Administração Pública, 39(2), 381-400.

Lago, A. (2008) Educação cooperativa: a experiência do programa do Sicredi. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 46. 2008, Rio Branco. Anais... Rio Branco.

Morato, A. F. & Costa, A. (2001). Avaliação e estratégia na formação educacional cooperativista. In: Cooperativismo na era da globalização. Goiânia: UNIMED: Federação dos Estados de Goiás e Tocantins.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2006). Evolução do cooperativismo no Brasil. DENACOOP em ação. Brasília: MAPA.

Nascimento, F. R. (2000). Cooperativa como alternativa de mudança: uma abordagem normativa. Rio de janeiro: Forense.

Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB (2016). Cooperativismo: Conceitos e princípios. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/site/cooperativismo/principios.asp>. Acesso em: 02 jun. 2016.

Oliveira, D. P. R. (2003). Manual de gestão das cooperativas: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas.

Piaceski, E. E. & Gnoatto, A. A. (2004). Cooperativismo: A busca de um modelo de gestão participativa. In: XLII Congresso da SOBER, 2004, Cuiabá (MT).

Pimentel, M. P. C. & Pimentel, T. D. (2010). Gestão Social: Perspectivas, Princípios e (De) Limitações. In: VI Encontro de Estudos Organizacionais - EnEO, 2010, Florianópolis (SC). Anais. Curitiba (PR): ANPAD, 2010. v. 1. p. 1-16.

Ricciardi, L. (1996). Cooperativismo: uma solução para os problemas atuais. Vitória: Coopermídia, 96p.

Schneider, J. O. (1991). Democracia, participação e autonomia cooperativa. São Leopoldo: UNISINOS.

Serva, M. (1997). Abordagem substantiva e ação comunicativa: uma complementaridade proveitosa para a teoria das organizações. Revista de Administração Pública, 31(2), 108-34.

Silva, K. V. D. (2013) Gestão social e participação nas decisões: estudos de caso em cooperativas catarinenses. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina.

Tenório, F. G., Vilela, L. E., Dias, A. F. & Gurjão, F. V. (2008). Critérios para a avaliação de processos decisórios participativos deliberativos na implementação de políticas públicas. Encontro de Administração Pública e Governança, 3.

Thiry-Cherques, H. R. (2009). Max Weber: o processo de racionalização e o desencantamento do trabalho nas organizações contemporâneas. Revista de Administração Pública, 43(4), 897-918.

Valadares, J. H. (1995). Participação e poder: o comitê educativo na cooperativa agropecuária. Lavras: UFLA, 1995. 86 p. Dissertação (Mestrado em Administração Rural).

Waack, R. S. & Machado, C. P., Filho (1999). Administração estratégia em cooperativas agroindustriais. In: Workshop Brasileiro de Gestão de Sistemas Agroalimentares. 2, 1999, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: USP-FEA.

Yin, R. K. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman.

Publicado
2019-11-21
Seção
Artigos